sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A crise de identidade do Reggae maranhense - parte II





A crise de identidade do Reggae maranhense - parte II

Tarcisio Ferreira

Lendo o primeiro artigo você pode pensar que tudo está perdido para o Reggae de raiz no Maranhão, para a música que ajudou a criar essa forte identidade e levar esse pioneirismo Brasil a fora e ser admirado por brasileiros, europeus e jamaicanos.

Segundo pesquisa feita com turista em vários pontos da cidade, defendida e publicada, hoje o maior produto turístico e o que mais atrai o turismo a São Luiz é a fama de a Capital Brasileira do Reggae. O Bumba Boi e o carnaval são sazonais, ou seja, acontecem em períodos específicos.

Numa leitura pessimista pode se ter essa idéia de pronto, mas como diz o magistral criador do movimento armorial Ariano Suassuna, sou um otimista esperançoso. Acredito que ainda podemos reverter esse quadro de vazio emocional no panorama atual do movimento Reggae maranhense.

Revisando um pouco essa afirmação, de que para se resgatar o poder que esse movimento teve; como o de não se ter nenhum ritmo musical mais forte que o Reggae ao lado do Bumba Boi e do Samba, como foi até a metade dos anos 90, aqui no Maranhão. Esse fragilização abriu brechas e outros ritmos ganharam força e hoje concorrem com as festas de radiola com muito mais poder e sem a metade da mídia diária de Radio e TV que as radiolas têm.

Sobre as seqüências

Hoje a internet está aí disponibilizando discos e CD’s de cantores e bandas do mundo todo. Necessariamente não se teria que viajar a Jamaica ou Londres para se montar um arquivo musical para uma radiola. E é isso que inteligentemente esse movimento de bares de Reggae está fazendo, pois os últimos grandes sucessos musicais que tocam e fazem os freqüentadores dos bares gritarem quando os DJ’s tocam, saíram de discos “baixados” em programas específicos de trocas de arquivos na Net.

Grupos de colecionadores

Agora temos um movimento crescente de grupos de colecionadores em São Luis que ainda está sem rumo, mas que promete, apesar de já ter uma entidade representativa. Embora tardio, em relação à Belém e Fortaleza, principalmente, com esses grupos esta em curso na ilha um emergente mercado de aquisição de discos de vinil o que está levando a um fortalecimento maior ainda do movimento de bares. Frequentemente são realizadas festas onde além da utilização dos MD’s usa-se os “velhos” MK2 de guerra. Instalou-se recentemente mais um outro mercado o de compra de toca-discos, que hoje estão mais inflacionados de preço que a economia brasileira.



Pontuando este tema e utilizando pela primeira vez o nome de um radioleiro; lembramos que Pinto Itamaraty de olho nessas mudanças que estão acontecendo em relação aos bares e os emergentes grupos de colecionadores, inteligentemente anunciou em alto e bom som em seu programa de radio que vem aí a Itamaraty Roots, que vai operar dentro desta forte tendência do movimento regueiro. Vamos esperar para conferir.

E podem esperar, que mais uma vez saindo na frente com essa sua jogada de mestre Pinto, será rapidamente copiado por outros magnatas do Reggae. Não estou aqui fazendo apologias ao mais bem sucedido empresário do Reggae do Maranhão, ele o é, doa a quem doer, falo sem meias palavras, até por que ele não precisa disso de minha parte. E tenho total independência para escrever e afirmar isso, pois não vivo a sombra da laranjeira de ninguém.

Calendário do Reggae

Agora eu pergunto aos leitores: Qual é a maior festa do calendário Reggae do Maranhão???? Pense um pouco. Quem respondeu Festa da Recordação, acertou. É a festa mais esperada pelos amantes da boa música. E qual é mesmo a música que toca nesse dia? O bom e velho Roots Reggae. Esta festa é realizada dentro daquele que se consagrou como o maior templo do Reggae maranhense, Espaço Aberto – A casa da música.

Mas esse templo fica quase que esquecido durante quase todos os 365 dias do ano, sendo aberto em raros momentos. Onde foi parar o brilho e o esplendor da sexta feira mais animada de São Luis? Era freqüentado por lavadores, de carros, secretarias do lar, profissionais liberais, sindicalistas, professores estudantes, artistas regionais, nacionais e estrangeiros, turistas de várias partes do Brasil e do mundo. Nem um outro ambiente do Reggae em São Luis teve esse privilegio. Tive a oportunidade de freqüentar ainda no seu início nos anos 80 e de vê-lo ser ampliado e reformado continuamente. Vi as famosas incursões feitas dentro da Casa da Música pela polícia tentando acabar com festas ou buscando um pretexto para fazer isso.

A única Radiola que ainda tem credibilidade junto aos regueiros com o Reggae de Raiz é a FM Natty Nayfson que promove sistematicamente festas como O Reggae das 3 Décadas, Os Homens das Pedras, Tributo a Bob Marley, etc., etc., além de fazer festas com os clássicos na União de Moradores do Bairro de Fátima – União do BF. E tem sempre a casa cheia nesses eventos.

Podemos afirmar que é a única radiola que promove o maior encontro de regueiros (dançarinos, DJ’s, seguranças, radioleiros, etc., etc.) que construíram a historia desse movimento durante todo o ano.

Continua...

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