

Quem gosta de dançar um bom reggae sabe que lugares para isso aqui não faltam. Desde a década de 70, o ritmo saiu da pequena Jamaica para estourar no resto do mundo e em Belém não poderia ser diferente: muitos adeptos se entregaram a cadência do ritmo jamaicano e abraçaram a tal filosofia paz e amor.
Dos anos 90 até o início de 2000, vários espaços ideais para dançar um bom reggae surgiram na cidade: Mormaço, Solamar, Açaí Biruta, Rainha Bar, Urubu Black e, em Icoaraci, o Coisa de Negro. Foi também aproveitando esse momento que muitos dos adoradores do gênero trataram logo de montar uma banda.
Açy Aires, vocalista da Jaffa Reggae, conta que o público regueiro da cidade só faz crescer. “O número de pessoas que gostam de reggae tem aumentado bastante, principalmente porque surgiram muitas bandas aqui em Belém e, graças a isso, as pessoas passaram a conhecer mais o ritmo. Isso também favoreceu o aparecimento de muitas casas que apostam no estilo em festas exclusivas de reggae. Todos sabem que há público pra isso”, avalia o músico.
Ele tem razão. Há também vários bares que reservam um dia especial para os amantes do reggae: Sputinik, na segunda-feira; o Boteco da Tamandaré, nas quartas-feiras; o Botequim, nas quintas-feiras e o bar Casa Velha, aos sábados. As terças-feiras a gente aproveita pra descansar, não é?
INCENTIVO
Algumas bandas vêm se destacando sobremaneira no cenário local, como Yemanjah Roots, Jaffa Reggae (que vai lançar um cd autoral esse ano) e Reggae Town. Além dos DJs Alex Roots, Porco Voador, Enilson Nonato (foto) e Victor Pedra, entre tantos outros.
O negócio tá tão frutífero por aqui que foi criada uma entidade para valorizar o reggae, a Associação dos Movimentos Reggae (AMOR) que, desde 1996 destaca o estilo não apenas como música, mas como ferramenta de promoção social.
A AMOR promove palestras que falam sobre a relação do reggae com o combate ao preconceito racial e as desigualdades sociais, além de uma série de outras ações de inclusão, como exibição de filmes e realização de festas como a ‘ O P rojeto Reggae é Cultura’, todo sábado, no Coisa de Negro com os dj Enilson Nonato ,serginho Morais ,Curi Pedra e Daniel Morais . A proposta é levar à prática a filosofia pulsante nas letras.
“Nós queremos mostrar que o reggae não é somente a dança e sim uma cultura. Através do ritmo e das letras nós podemos engajar as pessoas, fazer trabalhos sociais para ajudar o próximo, por que o reggae prega isso”, explica Enilson Nonato, coordenador da AMOR.
VEM DANÇAR UM REGGAE
O estudante de multimídia André Palmeira, 23 anos, é tão apaixonado por reggae que, por causa disso, sempre antecipa o seu fim de semana. “Eu começo saindo na quinta-feira, dia em que curto um reggae no Botequim. Na sexta-feira, vou para o Rainha Bar, sábado estou no Urubu Black e domingo, no Solamar ou Açaí Biruta”, conta, rindo.
O reggae entrou na vida de André há quatro anos, quando os amigos o convidaram para curtir uma boa farra ao som de Bob Marley e Peter Tosh. “Achei a batida agradável, então passei a ir sempre que os amigos me chamavam. Acho as músicas muito bacanas, sempre passam uma mensagem positiva”, diz o estudante.
A analista de sistemas Ana Paula Santos, 27 anos, é só reggae no coração. “Reggae é o ritmo que mais escuto, gosto não só de dançar como também das letras, que pregam o amor, a fé e a ajuda ao próximo. Toda sexta e domingo é certo que vou dançar um reggae”, diz.
ONDE TUDO COMEÇOU
Lá pelos idos da década de 60, o povo jamaicano, sem voz sobre os que detinham o poder político, expressava suas lamúrias cantando músicas que falavam de tudo o que eles sofriam, como a miséria e a discriminação racial. Um rapaz de cabelos compridos e, como dizem, com um rosto um tanto difícil de visualizar, devido à fumaça que o encobria, tornou-se o maior ícone desse gênero musical, mais tarde conhecido como reggae. Seu nome, claro, era Bob Marley.
As musicas cantam as desigualdades sociais, o preconceito, a fome, além de assuntos religiosos, principalmente exaltando Jah. O reggae defende, também, a ideia de que as pessoas devem ascender e superar a sua situação social por meio do engajamento político e espiritual. A música também ditou moda: não foram poucos os que assumiram o cabelão rastafári ou começaram a usar roupas e acessórios nas cores vermelho, amarelo e verde.
FONTE:JORNAL DIARIO DO PARÁ ,SURFOREGGAE E ENILSON NONATO