sexta-feira, 4 de julho de 2008

FILME SOBRE MARLEY


Viúva de Bob Marley vai produzir filme sobre ídolo do reggae

Por Gregg Goldstein

NOVA YORK (Reuters) - Rita Marley está fazendo a produção executiva da primeira cinebiografia de seu falecido marido Bob Marley, e, se tudo sair como ela quer, a nora do ícone do reggae, a cantora de r&b, Lauryn Hill, fará o papel dela no filme.

A The Weinstein Company vai produzir e distribuir uma versão para a tela grande da autobiografia de Rita, "No Woman No Cry: Minha Vida com Bob Marley" (2004), que faz o relato da infância do músico e dos 15 anos tumultuados do casamento deles, que terminou com a morte de Bob em 1981, em decorrência de câncer.

"Lauryn seria ideal para fazer meu papel", disse Rita. "Ela vê minha vida como sendo a dela."

O filho de Bob Marley com Janet Hunt, Rohan, é casado com a ex-vocalista dos Fugees, que praticamente desapareceu do cenário musical depois de seu álbum de estréia solo "The Miseducation of Lauryn Hill", de 1998, premiado com o Grammy.

Lauryn Hill vai rever a adaptação do livro que está sendo escrita por Lizzie Borden ("Working Girls"), que está na Jamaica concluindo o roteiro.

Ainda sem título, o filme do produtor Rudy Langlais ("Hurricane -- O Furacão") está previsto para começar a ser rodado no início de 2009, com lançamento provável no final desse ano.

Langlais disse que o filme será um "romance épico" que vai cobrir a vida dos Marley e o atentado sofrido pelo casal: "É um milagre que Rita ainda esteja aqui, depois de levar um tiro na cabeça", ele comentou. Bob Marley teve 13 filhos, vários dos quais frutos de casos extraconjugais.

Pelo menos parte do projeto será rodado na Jamaica, mas outras locações serão usadas também para aproveitar descontos em impostos.

O filme pode chegar aos cinemas antes do documentário longa-metragem autorizado de Martin Scorsese sobre o cantor, cujo lançamento está previsto para 6 de fevereiro de 2010, quando Bob Marley completaria 65 anos.

O músico será representado por dois atores, um deles fazendo o papel dele aos 15 anos e o outro representando Marley já adulto. A trilha sonora pode ter canções originais, covers cantados por um ator ou uma fusão de ambos, ao estilo do que foi feito em "Ray".

Rita Marley diz que seu neto Stefan é "sósia" do cantor e seria perfeito para o papel.

O REGGAE MARANHENSE E SUA CRISE DE IDENTIDADE



O Reggae maranhense e sua crise de identidade

Tarcisio Ferreira

O presente artigo não pretende atacar ou demonizar as radiolas de Reggae do Maranhão, até por que não podemos contar a historia do Reggae no Maranhão sem elas. E quando falamos das radiolas falamos principalmente das que realmente fizeram essa historia, ou seja, das que começaram sua caminhada a partir dos anos 80.

Embora possa haver queixas em relação às atitudes dos radioleiros e por mais defeitos e qualidades que possam ter ou não, a contribuição dos mesmos para o desenvolvimento desta cultura no Maranhão é inegável.

É publico e notório a crise de identidade porque passa o Reggae no Maranhão principalmente no que diz respeito às Radiolas que optaram por um ritmo musical pobre chamado popularmente de “robozinho”, “bate lata”, “couro” ou “música de maluco”. Como também se pode notar nos últimos 5 anos a ascensão crescente e vertiginosa dos chamados “Bares de Reggae”.

Esses bares são redutos dos que ainda cultuam o que se convencionou equivocadamente chamar Roots Reggae. Equivocadamente, sim, porque na realidade há uma mistura de estilos nas seqüências com Dance Hall, Lovers Rock, Roots, Smooth Reggae, New Reggae Jamaicano, Reggae Gospel, etc..

Sem mencionar nomes, podemos dizer que o público que freqüentador dos bares é realmente hoje a parcela mais significante do chamado “Movimento Reggae” do Maranhão, os regueiros de verdade; alguns saudosistas amantes do Reggae de raiz com idades entre os 35 a 50 anos, colecionadores, discotecários de Radiolas dos anos 70 e 80, DJ’s, na sua grande maioria os freqüentadores pessoas que buscam tranqüilidade, boa música, um papo com os amigos e acima de tudo reviver os bons tempos.

O serviço dos bares é sensivelmente melhor do que qualquer Clube de Reggae hoje em São Luis. Não podemos dizer que as instalações e os serviços prestados sejam excelentes, pois, alguns deles apresentam falhas em ambos, mas, apesar disso, batem de longe os Clubes.

Quanto ao que vem acontecendo com as radiolas nos últimos 8 anos é interessante. Sem querer resgatar toda a historia das radiolas basta dizer que na segunda metade dos anos 90 começa-se a buscar versões ou músicas exclusivas gravadas por jamaicanos. No alvorecer do novo milênio surgem “cantores” maranhenses de Reggae fazendo covers de músicas de grande sucesso dos salões. Fazemos questão de frisar a palavra “cantores” para deixar de fora deste pirão artistas maranhenses que possuem uma historia dentro deste movimento e que participaram efetivamente da construção desta cultura.

Vale destacar que a cultura Reggae de São Luis nunca recebeu nada de ninguém, tudo o que conseguiu foi conquistado na luta diária para sobrevivência deste movimento. Nos embates, principalmente com os órgãos de segurança e com os meios de comunicação.
Também podemos dizer que para o Reggae de Radiola prosseguir na sua lida não necessita deste tipo de música “robotizada”, haja visto que hoje Reggae do Maranhão virou pejorativo em outros lugares do Brasil. Do mesmo modo aqui as músicas que ajudaram a construir essa brilhante historia viraram sinônimo de coisa obsoleta com adjetivos como “música velha” e “musicas do passado”.

Relembrando Tristão de Athayde:

- O passado não é o que passou. É o que ficou do que passou.

Relembrar a história é não deixar que ela se torne uma bolha de sabão. Contada, reiluminada, ela estará sempre aí, adubando o tempo. Os tempos caminham com os homens, mas o DNA da história não falha, não engana.

Com essa absorção as radiolas optaram pela via mais barata em termos de investimento, pois abriram mão de sair em busca das “pedras” e para isso teriam que investir bastante na “garimpagem” em passagem para a Jamaica ou Europa. Ai começa o assassinato aos poucos da galinha dos ovos de ouro que era a seqüência exclusiva de musicas da Jamaica ou da Europa em favor da progressiva “robotização” do Reggae.

Sobre o público freqüentador das festas das radiolas é somente isso o que ele é, público. Totalmente alienado, desinformado e enganado. Porque público??? Ora esse mesmo contingente que vai às festas das radiolas é o mesmo que vai para as festas dos ritmos não menos alienados “arrocha”, “técnobrega” e o “forró eletrônico” também apelidado de “pornoforró”.

O que mais se ouve falar no meio dos radioleiros é cada vez mais fica difícil fazer festas em que não se leve uma “roça”, fazendo eventos com o chamado “robozinho”. E as tentativas de fazer festas “na mistura” tem tido retumbantes fracassos. O público do “robozinho” não gosta de “músicas do passado” e vice-versa. Água e óleo não se misturam.

Alguns dizem que o Reggae mudou. Não é verdade. O que mudou foi o modo de se tocar o que se chama de “reggae” nas Radiolas do Maranhão. Que evolução é esta aonde se vai para uma festa e se vê homem “dançando” com homem. Isso é evoluir??? Eu sou do tempo que homem dançava com mulher e eu ainda gosto.

Os que defendem essa música que é tocada pelas radiolas, ou está mal informado ou está mal intencionado. Mal informado, porque não conhece a historia deste movimento e de onde ele veio, historia essa que valeu o título a nível nacional e internacional de “Jamaica brasileira”. Hoje, esse ineditismo maranhense já esta sendo questionado, até porque São Luis esta fora do circuito de grande shows de artistas jamaicanos que cantam em Salvador, Fortaleza, Teresina (vejam só!!???!!) e Belém. Podemos citar Steel Pulse, Larry Marshall, Clinton Fearon, Dom Carlos, etc.. Além disso, as musicas desses grandes astros, infelizmente, só é tocada nos bares de Reggae. Mal intencionado, no sentido de perpetuar esta situação de cada vez mais um público que outrora era apaixonado e defendia com unhas e dentes sua radiola e seu clube se distanciar de sua preferida.

Sem as Radiolas de Reggae esse movimento não teria chegado aonde chegou, além fazerem as festas de Reggae acontecerem, também movem uma economia que ainda não foi devidamente estudada no sentido de mostrar um amplo campo de trabalho de técnicos de som, eletricistas, carregadores, segurança, pessoal de bilheteria, pessoal administrativo do escritório, locutores de programas, estúdios de produção de comercial, DJ’s, lojas de vendas de material para equipar as mesmas de aparelhos e alto-falantes, etc., etc..

Enfim, como foi dito no frontispício desta matéria estamos tratando de pontuar bem as coisas para quem não caiba duvidas sobre a crise de identidade porque passa o Reggae no Maranhão. Torcemos para que possamos ver o regueiro voltar aos clubes de sua paixão, que aos poucos estão se acabando, e de vibrar pela seqüência exclusiva da radiola que faz seu coração bater mais forte e seus pés deslizarem pelos salões.

Relembrando mais uma vez Tristão de Athayde “O passado não é o que passou. É o que ficou do que passou”. Mas mesmo assim, quem sabe se a gente ainda vai ter a prazer de dizer: “Os bons tempos voltaram!!!”.

Está aberto o debate...